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Gestão de projetos: como superar restrições e garantir resultados

Gestão de projetos: como superar restrições e garantir resultados

Equipe reunida em mesa de trabalho analisando gráficos, planilhas e dados financeiros, simbolizando colaboração e gestão de projetos focada em resultados e superação de restrições.

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Atualmente a gestão de projetos emerge como um pilar fundamental para a concretização de objetivos estratégicos e a sustentabilidade organizacional. Contudo, inerente a qualquer empreendimento, reside um conjunto de limitações e condições que, se não forem adequadamente gerenciadas, podem comprometer severamente o sucesso: as restrições. Elas estendem-se muito além das dimensões de escopo, tempo e custo, englobando aspectos como recursos, qualidade, riscos e o alinhamento das partes interessadas.

A onipresença dessas restrições é uma realidade inegável. De acordo com estatísticas do Project Management Institute (PMI), uma parcela significativa de projetos falha em atingir seus objetivos primários, muitas vezes devido a estimativas irrealistas, mudanças de escopo descontroladas ou alocação inadequada de recursos. Por isso, a gestão proativa dessas limitações não é apenas uma boa prática; com toda a certeza é uma necessidade estratégica para mitigar perdas, otimizar investimentos e garantir que os projetos entreguem o valor esperado para a organização.

As restrições mais comuns e seus impactos

O sucesso de um projeto é intrinsecamente ligado à capacidade de seus gestores em identificar, analisar e mitigar as diversas restrições que podem surgir ao longo de seu ciclo de vida. Além do clássico triângulo de ferro – Escopo, Tempo e Custo – existem outras limitações igualmente críticas que, se negligenciadas, podem levar a falhas significativas. Assim sendo, a compreensão aprofundada dessas restrições é o primeiro passo para um gerenciamento eficaz.

Escopo: definição, mudanças e efeitos no projeto

O escopo de um projeto define o que será entregue. Em geral, restrições de escopo podem se manifestar como “vazamento de escopo” (scope creep), isto é, quando requisitos adicionais são inseridos sem o devido controle. Um exemplo clássico de falha por escopo mal definido ou em constante mutação é o de projetos de software, onde a ausência de requisitos claros desde o início ou a aceitação de mudanças não controladas levam a atrasos, estouros de orçamento e produtos que não atendem às expectativas iniciais. O Standish Group Chaos Report frequentemente aponta a falta de requisitos claros como uma das principais causas de insucesso em projetos de TI.

Tempo: a pressão do relógio e os custos de oportunidade

O tempo é uma restrição crítica, visto que prazos irrealistas ou atrasos na entrega impactam diretamente a vantagem competitiva e gerando custos de oportunidade substanciais. Um lançamento de produto atrasado, por exemplo, pode resultar na perda de market share para concorrentes que chegam primeiro ao mercado. Além disso, a pressão para cumprir prazos apertados pode levar a decisões apressadas, comprometendo a qualidade ou a integridade do projeto.

Custo: a importância do equilíbrio entre orçamento e realidade

Restrições de custo envolvem a disponibilidade de recursos financeiros e a necessidade de otimização. Estouros orçamentários são comuns em projetos de infraestrutura de grande escala, onde imprevistos, mudanças de escopo ou estimativas iniciais falhas podem levar a gastos muito além do planejado. Dessa forma, a gestão rigorosa do orçamento é essencial para garantir a viabilidade financeira do projeto e evitar que ele se torne um fardo para a organização.

Recursos: disponibilidade de talentos e materiais

A escassez de recursos, sejam eles humanos (talentos especializados), materiais ou tecnológicos, é uma restrição comum. Conflitos de alocação, onde um mesmo recurso é demandado por múltiplos projetos simultaneamente, podem gerar gargalos e atrasos. A falta de habilidades específicas na equipe ou a indisponibilidade de equipamentos essenciais são fatores que impactam diretamente a execução do projeto.

Qualidade: impactos das restrições na entrega final

A restrição de qualidade refere-se à necessidade de atender a padrões e especificações predefinidos. Em muitos casos, para cumprir prazos ou orçamentos apertados, a qualidade pode ser comprometida, resultando em um produto ou serviço final que não atende às expectativas dos stakeholders ou que apresenta falhas e retrabalho futuro. Com efeito, a busca por atalhos na fase de execução pode ter consequências graves a longo prazo.

Riscos: incerteza como fator limitante

Eventos inesperados e incertezas representam uma restrição significativa. A pandemia de COVID-19, por exemplo, impactou cadeias de suprimentos globalmente, forçando projetos a se adaptarem a novas realidades de forma abrupta. A gestão de riscos envolve a identificação proativa de potenciais ameaças, a avaliação de sua probabilidade e impacto, assim como, o desenvolvimento de planos de contingência para mitigar seus efeitos.

Partes interessadas: expectativas e comunicação

Conflitos de interesse ou a falta de alinhamento entre as partes interessadas (stakeholders) podem se tornar uma restrição poderosa. Por vezes, expectativas não gerenciadas, comunicação ineficaz ou a resistência à mudança por parte de grupos-chave podem sabotar um projeto, mesmo que todas as outras restrições sejam bem controladas. Assim sendo, o engajamento e a comunicação contínua com os stakeholders são fundamentais para garantir o apoio e a colaboração necessários.

Dados de pesquisas do PMBOK Guide, Gartner e Standish Group Chaos Report consistentemente reforçam a importância de uma gestão robusta dessas restrições para o sucesso do projeto. Ignorá-las não é uma opção; compreendê-las e desenvolver estratégias para lidar com elas é um imperativo para qualquer organização que busca excelência em gerenciamento de projetos.

Gold Plating: como o excesso de refinamento compromete o projeto

Dentre as restrições periféricas, o Gold Plating (ou “Embelezamento Excessivo”) destaca-se como uma ameaça autoinfligida: a prática de adicionar funcionalidades ou refinamentos além do escopo acordado, sem aprovação formal ou alinhamento estratégico. Sob o pretexto de “agregar valor”, ela viola agressivamente as restrições primárias do projeto (escopo, tempo e custo), conhecidas como Triângulo de Ferro:

  • No escopo, introduz complexidade desnecessária e desvia o foco das necessidades reais;
  • No custo, infla orçamentos com elementos supérfluos (ex: projeto do Boeing 787, onde inovações não validadas geraram US$ 18 bi em custos extras);
  • No tempo, estende prazos para desenvolver “enfeites” sem retorno mensurável. De acordo com o PMI (2024), 28% dos estouros orçamentários em projetos de TI relacionam-se a esta prática.

A função estratégica do EPMO 

Sabemos que o dia a dia dos negócios está cada vez mais complexo e dinâmico. Os modelos VUCA (Volatilidade, Incerteza, Complexidade e Ambiguidade) e BANI (Frágil, Ansioso, Não-linear e Incompreensível), amplamente utilizados para descrever esses ambientes, vêm sendo revisados. Nesse contexto, surge o CAOS (Caótico, Adaptativo, Ordenado, Sistêmico + Sustentável) como uma evolução crítica a eles, propondo uma lente mais estruturada para a tomada de decisão em ambientes disruptivos. Desenvolvido pelo futurista holandês Lidewey van der Sluis em 2023, o CAOS não nega a desordem, mas oferece um método para navegá-la estrategicamente. 

Dito isso, a simples gestão de projetos individuais não é suficiente para garantir o alinhamento estratégico e a otimização de recursos. O Escritório de Projetos Corporativo (EPMO) emerge como uma estrutura vital, atuando como um guardião da estratégia e um mitigador proativo das restrições que permeiam o portfólio de projetos de uma organização.

Definição e níveis de atuação do EPMO

O EPMO, ou Enterprise Project Management Office, é uma evolução do tradicional PMO (Project Management Office), com um escopo de atuação que transcende o suporte operacional a projetos individuais. Sua principal função é alinhar os projetos e programas da organização com os objetivos estratégicos de negócio, garantindo que os investimentos em projetos gerem o máximo valor. O EPMO atua em diferentes níveis de maturidade e responsabilidade. Assim, o EPMO atua em diferentes níveis de maturidade e responsabilidade, que podem ser categorizados como:

PMO Operacional 

O PMO Operacional tem como foco a padronização de processos, metodologias e ferramentas de gerenciamento de projetos. Ele atua como um repositório de melhores práticas, oferece treinamento e suporte aos gerentes de projeto e coleta dados para relatórios de desempenho.

Sua função é operacional e de apoio, visando a eficiência na execução dos projetos. Este nível de PMO ajuda a mitigar restrições relacionadas à falta de padronização, inconsistência de processos e lacunas de conhecimento.

PMO Tático

Este nível exerce um papel mais ativo no monitoramento e controle dos projetos. Entre suas atribuições, destaca-se o Planejamento de Vendas e Operações, que captura as demandas de vendas e avaliações do portfólio de produto que impactarão na utilização da capacidade de recursos.

Além disso, o PMO Tático é responsável pelo acompanhamento de indicadores-chave (KPIs) de múltiplos projetos, identificando tendências de restrições, como o aumento progressivo de custos. A gestão da capacidade de recursos também faz parte de sua atuação, promovendo a adoção de melhores práticas.

Por fim, o PMO Tático garante a conformidade com as metodologias estabelecidas, realiza auditorias, gerencia riscos e problemas em nível de programa e reporta o status dos projetos à alta gerência. Sua atuação contribui para a mitigação de restrições de custo e tempo, através de um controle mais rigoroso e da identificação precoce de desvios.

PMO Estratégico

Este é o estágio mais avançado de maturidade, onde o PMO se torna um parceiro estratégico da alta direção. Nesse nível, sua atuação abrange a definição da estratégia organizacional, a seleção e priorização do portfólio de projetos e a alocação de recursos em nível corporativo.

O PMO Estratégico garante que os projetos selecionados estejam diretamente alinhados com os objetivos de negócio, otimizando o retorno sobre o investimento e gerenciando as restrições em uma perspectiva holística e de longo prazo.

Sua atuação é fundamental para mitigar restrições de escopo, garantindo que apenas projetos alinhados à estratégia sejam iniciados. Também contribui para o uso inteligente dos recursos disponíveis, otimizando a alocação em todo o portfólio. No campo da gestão de riscos, sua visão de longo prazo favorece a identificação e gerenciamento de ameaças, fortalecendo a resiliência organizacional.

O EPMO na mitigação de restrições

O EPMO, especialmente em seu nível estratégico, desempenha um papel crucial na superação das restrições de projeto de diversas formas:

  • Alinhamento estratégico: Ao garantir que todos os projetos estejam alinhados com os objetivos estratégicos da organização, o EPMO minimiza o risco de iniciar projetos que não agregam valor real, otimizando o uso de recursos e evitando o desperdício. Dessa forma, ele atua diretamente na restrição de escopo, assegurando que o que está sendo feito é o que realmente importa para o negócio.
  • Priorização e alocação de recursos: O EPMO tem a visão do portfólio completo, permitindo uma priorização inteligente dos projetos e uma alocação mais eficiente dos recursos (humanos, financeiros, tecnológicos). Isso é vital para mitigar a restrição de recursos, evitando gargalos e otimizando a capacidade da organização.
  • Padronização e melhores práticas: Ao estabelecer e disseminar metodologias, processos e ferramentas padronizadas, o EPMO aumenta a eficiência e a previsibilidade na execução dos projetos, reduzindo a variabilidade e melhorando a qualidade. Como resultado, as restrições relacionadas a tempo e qualidade são tratadas de forma mais eficaz.
  • Gestão de riscos e tomada de decisão: O EPMO monitora os riscos em nível de portfólio, identificando tendências e padrões que podem afetar múltiplos projetos. Com uma visão consolidada, ele pode fornecer dados e insights para a alta gerência tomar decisões informadas sobre a mitigação de riscos e a adaptação de estratégias, atuando diretamente na restrição de riscos.
  • Governança e transparência: Ao estabelecer uma estrutura de governança clara, o EPMO promove a transparência sobre o status e o desempenho dos projetos, facilitando a comunicação entre as partes interessadas e a resolução de conflitos. Desse modo, ele ajuda a gerenciar a restrição de partes interessadas, garantindo que todos estejam na mesma página.

Em suma, o EPMO não é apenas um centro de custos ou um departamento burocrático, diferente da antiga visão do PMO; é um motor estratégico que capacita a organização a navegar pelas complexidades do gerenciamento de projetos, transformando restrições em oportunidades e garantindo que os projetos entreguem o valor esperado para o negócio.

Revolução no front: IA e inovação como aliados poderosos contra as restrições

No cenário atual, onde a complexidade e a velocidade das mudanças são constantes, a capacidade de inovar e de se adaptar a novas tecnologias é um diferencial competitivo crucial para o gerenciamento de projetos. A adoção de frameworks flexíveis, a integração da Inteligência Artificial (IA) e a promoção de uma cultura de inovação são elementos-chave para transformar as restrições em oportunidades e impulsionar o sucesso dos projetos.

Frameworks de Gestão de Projetos

A escolha do framework de gestão de projetos é fundamental para lidar com as restrições de forma eficaz. Não existe uma abordagem única que sirva para todos os projetos; a decisão deve ser baseada na natureza do projeto, na cultura organizacional e nas necessidades específicas dos stakeholders. Os principais frameworks incluem:

  • Metodologia Cascata (Waterfall): Caracterizada por uma abordagem sequencial e linear, onde cada fase do projeto é concluída antes do início da próxima. É adequada para projetos com requisitos bem definidos e pouca probabilidade de mudanças. Embora ofereça controle e previsibilidade, sua rigidez pode ser uma restrição em ambientes voláteis, dificultando a adaptação a novas demandas ou imprevistos.
  • Metodologias Ágeis (Agile): Priorizam a flexibilidade, a colaboração e a entrega incremental de valor. Frameworks como Scrum, Kanban e Lean permitem que as equipes se adaptem rapidamente a mudanças, entreguem resultados em ciclos curtos (sprints) e incorporem feedback contínuo. Essa adaptabilidade é crucial para mitigar restrições de escopo e tempo em projetos com requisitos em evolução ou alta incerteza. A metodologia ágil mescla a estrutura da cascata com a flexibilidade do ágil e se adapta às necessidades específicas do projeto.
  • Metodologia Híbrida: Combina elementos das abordagens Cascata e Ágil, buscando o equilíbrio entre controle e flexibilidade. É ideal para projetos que possuem fases com requisitos bem definidos (onde a abordagem cascata pode ser aplicada) e outras fases com maior incerteza ou necessidade de experimentação (onde a agilidade é mais adequada). A metodologia híbrida é uma solução inteligente para otimizar a gestão de projetos, permitindo que as equipes aproveitem o melhor de ambos os mundos para lidar com as restrições de forma mais eficaz.

IA para previsão e otimização

A Inteligência Artificial (IA) está revolucionando o gerenciamento de projetos, oferecendo ferramentas poderosas para prever, otimizar e automatizar diversas atividades. A IA pode automatizar tarefas, fornecer insights e tomar decisões baseadas em dados, resultando em um gerenciamento mais preciso e eficaz [3].

  • Automação de tarefas repetitivas: A IA pode assumir atividades rotineiras e de baixo valor agregado, como coleta e análise de dados, criação de relatórios e atualização de cronogramas. Isso libera os gerentes de projeto e suas equipes para se concentrarem em atividades estratégicas e de maior impacto, aumentando a produtividade e mitigando a restrição de recursos humanos.
  • Previsão e análise de riscos: Utilizando dados históricos, algoritmos de IA podem identificar padrões, tendências e potenciais riscos que podem comprometer o projeto. Isso permite que as equipes tomem medidas proativas para mitigar riscos, ajustar o planejamento e tomar decisões informadas, reduzindo a probabilidade de surpresas desagradáveis e atuando diretamente na restrição de riscos.
  • Otimização do planejamento e alocação de recursos: A IA analisa dados sobre recursos disponíveis, capacidades da equipe e restrições do projeto para otimizar o planejamento e a distribuição de recursos. Ela pode recomendar as melhores estratégias e a organização ideal de recursos, melhorando a eficiência e minimizando desperdícios, o que é crucial para a restrição de recursos.
  • Suporte na tomada de decisões: Ao fornecer dados e informações em tempo real, os sistemas de IA podem apontar diferentes cenários, identificar padrões e oferecer recomendações precisas. Isso capacita os gerentes de projeto a tomar decisões mais embasadas, reduzindo incertezas e melhorando a resposta a restrições.
  • Melhora na comunicação: Ferramentas como chatbots e assistentes virtuais podem responder a perguntas, fornecer orientações e facilitar a troca de dados. Plataformas de gerenciamento de projetos alimentadas por IA centralizam informações relevantes, permitindo que a equipe acesse documentos, atualize o andamento e colabore em tempo real, mitigando a restrição de comunicação e alinhamento.

Inovação em processos e modelos: OKRs e Design Thinking

Além da tecnologia, a inovação em processos e modelos de gestão é vital para superar restrições. Duas abordagens se destacam:

  • OKRs (Objetivos e Resultados-Chave): OKRs são uma estrutura de definição de metas que traduz a estratégia em execução. Eles definem objetivos maiores e medem o progresso através de resultados-chave. Enquanto os OKRs definem as metas estratégicas, o gerenciamento de projetos são as ações diárias para entregá-las. A combinação de OKRs com práticas eficazes de gerenciamento de projetos é valiosa porque a execução da estratégia é um dos desafios mais comuns que os líderes enfrentam. OKRs não devem ser tratados como uma lista de tarefas, mas como uma estrutura que orienta as equipes e garante que todas as atividades estejam alinhadas com a estratégia da empresa.
  • Design Thinking: É uma metodologia que busca aproximar o cliente do produto ou serviço, mapeando atividades internas para torná-las mais eficientes e alinhadas às necessidades do público-alvo. O Design Thinking integra empatia, potencial criativo e pensamento de designer em todos os setores do negócio. Ele é construído de forma colaborativa e coletiva, gerando insights e colocando-os em prática. Sua aplicação em projetos envolve entender o problema, pesquisar, gerar ideias, criar protótipos, testar hipóteses e aplicar no produto final. Os benefícios incluem o aumento da empatia com o cliente, a redução de custos (identificando processos ineficientes) e a formação de equipes mais enxutas e eficientes.

O papel do Conselho Consultivo 

As restrições são uma constante e a complexidade dos projetos aumenta. Por isso, a presença de um Conselho Consultivo se torna um diferencial estratégico inestimável. Essa estrutura de governança, composta por profissionais externos e experientes, atua como uma bússola, fornecendo orientação e aconselhamento que transcendem a visão interna da organização, auxiliando na superação de desafios e na maximização do valor entregue pelos projetos.

Atuação na governança e gestão das restrições

O Conselho Consultivo não é um órgão de gestão diária, mas sim um parceiro estratégico que contribui significativamente para a governança e a mitigação de restrições em projetos, através de diversas frentes:

  • Visão Externa e Benchmarking: Uma das maiores contribuições do Conselho Consultivo é a sua capacidade de trazer uma perspectiva externa e isenta. Seus membros, com experiência em diferentes setores e organizações, podem identificar oportunidades e riscos que a equipe interna talvez não perceba. Eles introduzem melhores práticas e insights sobre como outras empresas enfrentaram desafios similares, promovendo o benchmarking e a adoção de soluções inovadoras para as restrições.
  • Avaliação do EPMO e Frameworks: O Conselho pode questionar a maturidade do EPMO e a adequação dos frameworks de gestão de projetos adotados. Essa avaliação crítica garante que a estrutura de gerenciamento de projetos esteja alinhada com as melhores práticas de mercado e seja capaz de suportar os objetivos estratégicos da organização.
  • Foco no Alinhamento Estratégico: Em momentos de restrição, decisões difíceis precisam ser tomadas, como cortar escopo, adiar prazos ou aumentar custos. O Conselho Consultivo garante que essas decisões estejam sempre alinhadas com a estratégia de longo prazo da organização e com a criação de valor. Eles oferecem orientação estratégica às lideranças, contribuindo para a priorização de investimentos e a escalabilidade do negócio, assegurando que os projetos continuem a impulsionar os objetivos corporativos.
  • Mediação em Conflitos de Alto Nível: Conflitos entre áreas executivas ou stakeholders poderosos podem impactar restrições críticas e paralisar projetos. O Conselho Consultivo, com sua posição neutra e autoridade, pode atuar como mediador, ajudando a resolver impasses e a encontrar soluções que beneficiem a organização como um todo, garantindo a continuidade e o sucesso dos projetos.
  • Acompanhamento dos Projetos e Indicadores Chave: Embora não gerencie projetos diretamente, o Conselho monitora o desempenho do portfólio e os indicadores chave de saúde dos projetos, especialmente aqueles relacionados a restrições (ex: percentual de projetos dentro do orçamento/prazo, índice de retrabalho). Esse acompanhamento estratégico permite uma visão macro do progresso e a identificação precoce de desvios, possibilitando intervenções antes que as restrições se tornem crises.

É fundamental ressaltar que o Conselho Consultivo não substitui a equipe de gestão de projetos ou o EPMO. Pelo contrário, ele complementa essas estruturas, criando as condições ideais (governança robusta, estratégia clara, recursos adequados) para que o EPMO e as equipes de projeto possam gerenciar as restrições com máxima eficácia. Sua presença eleva o nível de discussão estratégica e fortalece a resiliência da organização frente aos desafios inerentes ao gerenciamento de projetos.

Conclusão: como realizar a gestão de restrições com estratégia e inovação

As restrições são uma realidade no gerenciamento de projetos. Longe de serem meros obstáculos, elas representam desafios que, quando abordados com inteligência e estratégia, podem impulsionar a inovação e o aprimoramento contínuo. A jornada para a superação dessas limitações passa por uma compreensão profunda de suas manifestações – do escopo ao tempo, do custo aos recursos, da qualidade aos riscos e às complexas relações com as partes interessadas.

Nesse percurso, o Escritório de Projetos Corporativo (EPMO) emerge como um protagonista essencial. Em suas diferentes maturidades, do operacional ao estratégico, o EPMO atua como um orquestrador, alinhando projetos à visão organizacional, otimizando a alocação de recursos e estabelecendo padrões que elevam a eficiência e a qualidade. Ele é a espinha dorsal que garante que a estratégia se materialize em entregas de valor.

A revolução tecnológica, impulsionada pela Inteligência Artificial, oferece ferramentas sem precedentes para aprimorar a gestão de projetos. A IA não apenas automatiza tarefas repetitivas, mas também capacita a análise preditiva de riscos, a otimização de recursos e a tomada de decisões baseada em dados, transformando a forma como os projetos são planejados e executados. Paralelamente, a adoção de frameworks flexíveis, como as metodologias ágeis e híbridas, assim como, a incorporação de abordagens inovadoras, como OKRs e Design Thinking, permitem que as organizações respondam com agilidade às mudanças e cocriem soluções que realmente atendam às necessidades dos usuários.

Por fim, o Conselho Consultivo se posiciona como a bússola estratégica, oferecendo uma visão externa valiosa, promovendo o benchmarking e garantindo que as decisões de projeto estejam sempre alinhadas com os objetivos de longo prazo da organização. Sua capacidade de mediar conflitos e advogar por investimentos em capacidades fortalece a resiliência e a capacidade de adaptação da empresa.

Considerando que hoje, onde a única constante é a mudança, a gestão eficaz das restrições não é apenas sobre evitar falhas, mas sobre construir uma cultura de adaptabilidade, inovação e excelência. Ao integrar o papel estratégico do EPMO, a força transformadora da IA e da inovação, e a sabedoria do Conselho Consultivo, as organizações podem não apenas navegar pelas complexidades do gerenciamento de projetos, mas também prosperar, entregando valor consistente e sustentável.

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Referências

  • PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE. Pulse of the Profession 2023.
  • STANDISH GROUP. Chaos Report 2023. Boston, MA, 2023.
  • GARTNER. State of AI in Project Management 2024.
  • PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE. PMBOK Guide 7ª edição. Pensilvânia: PMI, 2021.
  • PHILLIPS, J. Project Management for Small Business. EUA: McGraw-Hill, 2014.
  • AGILE ALLIANCE. Agile Practice Guide. 2017.
  • MASCARENHAS, Profa. Evero. Funções e Papéis de um Conselho Consultivo em uma Empresa Familiar. 2024

Revisão e Publicação: Alidiane Xavier

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